quarta-feira, 5 de junho de 2013

Tempo Geológico

O tempo geológico começa com a formação da Terra há cerca de 4540 Milhões de anos onde começa o Pré-Câmbrico. Este megaéon contém cerca de 90% do Tempo Geológico e vai desde os 4540Ma até aos 542Ma(Câmbrico), no entanto, existem algumas dificuldades que não nos permitem conhecer muito bem este intervalo de tempo, nomeadamente, a fraca exposição das rochas, a erosão e metamorfização das mesmas, encontrarem-se a grandes profundidades sob rochas mais recentes e raramente se encontrarem fósseis desta idade. Grande parte da informação vem dos Cratões(escudos précâmbricos) - porções de rochas que não foram alteradas desde o pré-câmbrico ou Paleozoico inferior.

O Pré-Câmbrico divide-se em:

  • Hádico
  • Arcaico
  • Proterozoico 
Arcaico 
É no Arcaico que se formam as primeiras rochas. Neste Éon o interior da Terra era muito quente, com um fluxo térmico três vezes superior aos dias de hoje, no entanto, a temperatura à superfície era semelhante com as de hoje em dia pois o Sol era 1/3 menos quente. A atmosfera era rica em dióxido de carbono e muito pobre em oxigénio. As formas de vida que há conhecimento são, principalmente, os Estromatólitos.

As quatro Eras do Arcaico são:
  • Eoarcaico - A Terra é bombardeada por meteoritos
  • Paleoarcaico - Primeiros continentes
  • Mesoarcaico - Estromatólitos abundantes
  • Neoarcaico - Formações ferríferas bandadas em bacias oceânicas profundas

Proterozoico
O oxigénio deposita-se na litosfera, formando óxidos de silício e ferro. É neste Éon que surgem os seres Eucariontes. Os continentes estavam reunidos numa massa única (Rodínia) que se fragmentou originando os paleocontinentes Laurentia(América do Norte, Escócia, Irlanda do Norte, Gronelândia), Báltica(centro-norte da Europa), Sibéria unida ao Cazaquistão e Gonduana(América do Sul, África, Austrália, Índia Península Ibérica - Sul de França). 

As três Eras do Proterozoico são:
  • Paleoproterozoico - Surgem os seres eucariontes
  • Mesoproterozoico - Formação da Rodínia, surge a reprodução sexuada
  • Neoproterozoico

Fanerozoico 
De significado "vida visível" divide-se em três Eras:
  • Paleozoico
  • Mesozoico
  • Cenozoico 
Paleozoico
A América do Sul, África, Índia e Austrália formavam o continente Gondwana. Houve avanços e recuos do mar.



Câmbrico 
Os animais tiveram grande diversificação evolutiva ("Explosão Câmbrica"). Formaram-se importantes jazidas de carvão para a humanidade. Os climas eram suaves e não houve glaciações. As Trilobites e os Braquiópodes dominavam. Os vegetais eram apenas marinhos não havendo cobertura vegetal na Terra.

Ordovícico 
A maior área continental era o Gondwana, no pólo Sul e havia apenas um Oceano, o Pantalassa. Caracteriza-se o clima por temperaturas amenas e uma atmosfera muito húmida. No final formaram-se grandes glaciares o que pode justificar as extinções maciças que caracterizam esta fase. Cerca de 60% de tofos os géneros e 25% dos invertebrados marinhos foram extintos. Estes invertebrados marinhos dominavam sendo os graptólitos óptimos fósseis de idade. Surgiram os primeiros vertebrados e animais gigantes.



Silúrico
Marcado pelo degelo e subida do nível dos mares. Surgem recifes e os primeiros peixes com mandíbula. Os artrópodes invadiram o ambiente terrestre e no fim apareceram animais e plantas em áreas continentais. Neste período aparecem os amonóides. 

Devónico
O chamado "Período dos Peixes". Surgem os primeiros anfíbios, licopsídes (plantas vasculares) e insectos voadores. Os graptólitos graptolóides extinguiram-se no Devónico Inferior. Os peixes começam a deixar a água transformando as barbatanas em quatro patas. Os corais atingem o seu apogeu. O clima era semi-árido e quente no Devónico Inferior aumentando a pluviosidade no Devónico Superior.

Carbonífero
Formaram-se os Apalaches, pelo choque da Europa e África com a costa Leste dos Estados Unidos. Desapareceram os graptólitos dendróides. Surgem grandes florestas e consequentemente forma-se grandes jazidas de carvão. No fim do Carbonífero os répteis ganham a capacidade de se reproduzir em terra.

Pérmico
Formação do supercontinente Pangeia. 
A fauna terrestre foi dominada por insectos e animais que não eram nem répteis nem mamíferos(grupo dos Synapsida). Existiram anfíbios gigantes e no mar, tubarões primitivos, moluscos cefalópodes, branquiópodes, trilobites e artrópodes gigantes. As únicas criaturas voadoras eram parentes gigantes das libélulas. Houve um grande desenvolvimento nos répteis que vêm a dominar a Era seguinte(Mesozoico).
A flora era caracterizada por árvores do género Glossopteris.
O fim do período é marcado por uma extinção em massa onde 95% da vida na Terra desapareceu("Extinção Pérmica"). 

Mesozoico



A Pangeia fragmenta-se em dois continentes, Laurásia a Norte e Gondwana a Sul, acompanhado de extenso vulcanismo. Clima inicialmente árido. Surgimento, predomínio e extinção dos Dinossauros. Surgem as primeiras plantas com flôr. 

Triásico
Vastas áreas de deserto arenoso. Surgem os Dinossauros e os primeiros mamíferos ovíparos.

Jurássico
A Pangeia começa a dividir-se. As maiores formas de vida foram répteis marinhos(ictiossauros, plesiossauros e crocodilos), bem como peixes.
Em terra os grandes répteis permaneceram dominantes. O Jurássico foi a idade dos grandes saurópodes, como o Apatossauros, que serviram de alimento a grandes terópodes como o Ceratossauros. Foi nesta altura também que surgiram os mamíferos marsupiais. 
No ar, desenvolveram-se os primeiros pássaros (Archaeopteryx), a partir de pequenos dinossauros como o compsognathus. 
A flora viu florescer as coníferas.




Cretácico
Os continentes começam a adquirir a sua actual formação.
Os Dinossauros atingiram o apogeu sofrendo uma extinção em massa no final do período. Só sobreviveram crocodilos, lagartos, cobras e tartarugas.
Surgiram os mamíferos placentários primitivos e plantas com flôr.  

Cenozoico
Divide-se em três períodos:
  • Paleogénico - Aparecimento dos mamíferos modernos e extinção das espécies arcaicas, evolução das espécies pastadoras.
  • Neogénico - Expansão dos mamíferos de grande porte, muitos extinguiram-se. Hominídeos primitivos
  • Quaternário - Homo Sapiens
A Terra assume a sua forma actual.
Tem sido uma Era de arrefecimento embora tenha havido um ligeiro aquecimento no Miocénico(Neogénico).
A Austrália separou-se da Antártida durante o Oligocénico(Paleogénico).
A América do Sul esteve ligada à América do Norte mas no início do Cenozoico separaram-se, voltando a unir-se através do istmo do Panamá. No Cenozoico apareceram vinte e oito ordens de mamíferos, dezasseis ainda vivem.
A América do Norte manteve ligação com a Ásia durante grande parte da Era.
No Plistocénico houve uma grande glaciação no hemisfério Norte e uma menor no hemisfério Sul(Idade do Gelo). Nesta altura viveram vários hominídeos como por exemplo o australopithecus. O Homo Sapiens terá surgido há cerca de duzentos e cinquenta mil anos.

Informação adquirida na aula nº 13 de Estratigrafia e Paleontologia leccionada pelo Professor Paulo Legoinha, Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa.

Fósseis característicos das Eras

Antes de atribuir um fóssil a uma era é importante referir o que são, como se formam e que tipos de fósseis existem.

Fósseis são restos de seres vivos, animais ou plantas, com mais de 100 mil anos. Normalmente representam as partes rijas dos animais como os ossos, carapaças e conchas ou folhas, sementes e as partes lenhosas no caso das plantas. Por vezes nem estas partes mais resistentes são preservadas devido a processos biológicos e/ou geológicos. Estes processos tendem a desarticular e a partir os fragmentos dos seres vivos o que explica o facto de ser mais comum encontrar um esqueleto de um animal espalhado em determinada área do que encontrar o esqueleto todo junto. A maioria dos fósseis são marinhos ou plantas porque as condições de fossilização são normalmente melhores num ambiente marinho.
A probabilidade de um organismo ser fossilizado aumenta quanto mais partes rijas ele tiver, mas também pelo seu tamanho. Um organismo maior terá mais capacidade para resistir à destruição. Mesmo depois do processo de fossilização este ainda está em risco de não se preservar pois a própria rocha pode sofrer alterações e assim perder-se o fóssil. 
Tipos de fósseis:
- Subfóssil: Termo que é por vezes aplicado a restos de animais ou plantas com menos de 10 mil anos.
- Microfóssil: Normalmente inferiores a 0.5 milímetros 
- Macrofóssil: Maiores do que 1 centímetro. Este termo é aplicado a plantas e animais mais avançados tais como conchas, corais ou esqueletos de vertebrados. 
- Fósseis Incomuns: Estes são, por definição, extremamente raros. Incluem os Mamutes escavados na Sibéria e a primeira ave Archaeopteryx.
- Fósseis Vestigiais: Estes fósseis são provas das ações dos seres vivos, tais como pegadas.

Banner, Sally 2003, Guide to Fossils, Philip's

Vera Torres, Juan (1994), “Biostratigrafia”, in Juan Vera Torres (org.), Estratigrafia – Princípios y Métodos. Madrid: Editorial Rueda, 327-333 (3).

Fósseis característicos, ou também denominados por fósseis de idade, são aqueles que permitem delimitar intervalos de tempo geológico relativamente curtos e que podem ser utilizados como um critério preciso de correlação estratigráfica.
Para ser um bom fóssil característico, tem que ter as seguintes características:
-   Ser uma espécie que tenha tido uma evolução relativamente rápida e que tenha sobrevivido num curto intervalo de tempo. Portanto, a velocidade de evolução de um grupo de fósseis pode medir-se através da duração média das suas espécies, por exemplo, as espécies do taxon dos mamíferos atingem 1 Ma, os gastrópodes marinhos 10 Ma. Logo, os fósseis característicos são aqueles que têm a duração inferior à media dos seus grupos taxonómicos.
-   Ter uma distribuição geográfica ampla e se possível ao nível de toda a superfície terrestre. No entanto, isto não é possível, pois não existem espécies que se encontrem simultaneamente em fácies do meio marinho e do meio terrestre. Logo, os melhores fósseis do meio marinho são os de espécies nadadoras ou flutuadoras que vivam em águas de diferentes temperaturas. No meio continental são as espécies que podem viver em diferentes latitudes, altitudes e tipos de relevo
-   A sua presença tem de ser abundante nas rochas sedimentares. Os fósseis mais abundantes nas rochas de fácies marinhas são os microfósseis.

http://geologiaascamadas.blogspot.pt/2010/12/fosseis-caracteristicos-das-eras.html (Gonçalo Gomes, Luis C.) (Consultado em 05/06/2013)

Tabela Cronostratigráfica

A importância da Tabela Cronoestratigráfica Internacional

A Estratigrafia, do latim stratum (estrato), e do grego graphia (descrição), é a disciplina geológica que estuda e descreve os estratos das rochas sedimentares, como se formam e como ocorrem na crosta terrestre bem como a sua organização em unidades cartografáveis. A partir das propriedades destas rochas, desde as características litológicas até ao seu conteúdo fossilífero, pretende estabelecer a sua distribuição no espaço e a sua sucessão no tempo e deste modo reconstruir a história da Terra ao longo dos grandes períodos geológicos. Em suma, está na base da criação e individualização da Geologia como Ciência.
Tratando-se de um importante instrumento de trabalho, estará naturalmente em permanente evolução acompanhando o próprio conhecimento científico. A sua existência evidencia o grande manancial de conhecimento geológico acumulado e consolidado que será, por certo, um importante contributo para aumentar a interoperabilidade universal dos dados geológicos, desiderato que é hoje reclamado pelas comunidades científicas e tecnológicas de todos os continentes, quando se trata de abordar as questões relacionadas com o ordenamento do território e o planeamento do seu usufruto pelo Homem.

http://www.lneg.pt/divulgacao/noticias-institucionais/236 (Laboratório Nacional de Energia e Geologia) (Consultado em 04/06/2013)






Divisões do tempo

Eonotema e Éon (Intervalo de tempo)
Divisões maiores da História da Terra, constituídas por, respectivamente, vários Eratemas e Eras. Exemplo: Fanerozoico


Eratemas e Era (Intervalo de tempo)
Categorias mais elevadas de unidades cronostratigráficas e geocronológicas, constituídas por vários Sistemas e Períodos adjacentes; correspondem a mudanças maiores no desenvolvimento da
vida na Terra. Exemplo: Cenozoico


Sistema e Período (Intervalo de tempo)
Subdivisões dos Sistemas e agrupamentos de andares. Limites coincidentes com os mais exteriores das Séries-Épocas
constituintes. Exemplo: Jurássico


Série e Época (Intervalo de tempo)
Subdivisões dos Sistemas e agrupamentos de andares. Limites coincidentes com os dos andares extremos. Exemplo: Miocénico


Andar e Idade (Intervalo de tempo)
Unidade de base da cronostratigrafia. Conjunto de estrados contendo fósseis de organismos marinhos ou terrestres que representam um intervalo de tempo à semelhança daquilo que hoje observamos à superfície da Terra. Corresponde a um estado da natureza no passado. Definidos num único corte com exposição total em continuidade. Limites dentro de sucessões de sedimentação continua, pref. marinhas, e estabelecidos em horizontes de referência (limites de biozonas) isócronos. Exemplo: Serravalliano.


Informação adquirida na aula nº 5 de Estratigrafia e Paleontologia leccionada pelo Professor Paulo Legoinha, Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa.


Os Éons existentes são o Hádico, Arcaico, Proterozoico, que formam o Pré-Câmbrico, e o Fanerozoico.
As Eras do Fanerozoico são o Paleozoico, Mesozoico e o Cenozoico.